Com certeza os e as leitoras de Desmontando a Roma estavam a perguntar-se porque caralho estando nestas datas pegamos no tema do Entroido/Antroido/Antrodio/Entrudo/ Entruido/Intrudio (que para abreviar chamaremos Entroido) e esqueceramos o Natal na Galiza.
Podiamos falar de mil motivações para justificar nom ter feito um artigo dedicado ao Natal galego: que a tradiçom da noite de Natal é a cristianizaçom do solstício de inverno onde o menino substitui o sol que “renasce” para voltar a medrar ao longo do ano, e é comúm a toda a cultura Indo-europeia (Celtas e solstício, Hindu e a Mitra, Romanos e Saturnais); que si o Belém ou a árvore tenhem de antiguidade no nosso país nom mais de 100/150 anos (o desembarco vikingo de Catoira tem quase a mesma antiguidade, a metade mais ou menos) que o das 12 uvas é umha trapalhada espanhola de fai 2 dias que despejou muitas tradições proprias... (Nas áreas perto de Ourense fazia-se um sorteio entre moços e moças para emparelha-los e nas montanhas próximas à Serra de Picos de Ancares existia umha espécie de ritual onde os velhos, dum lado, laiavam a morte do ano, e os novos doutro respostavam com muita seriedade aos que eram quem de aturar as risas, tudo isto na mais absoluta escuridom) que se o mercado, o consumismo, o “Corte Inglés” e a introduçom de “Papá Noël” desprezaram os nossos personagens históricos coma O Apalpador/Pandigueiro e que graças ao ineludível trabalho que jurdiu da Gentalha do pichel, hoje em dia, volta a descer das montanhas para visitar os meninos (tedes muita mais informaçom sobre eles no livro Teoria de Inverno os presentes do Apalpador que mesmo podedes adquirir pola rede no web do Imperdível).
Tambem dizer que a gente já nom decora as mesas com acivro, nem prende o lenho de natal, nem fai um oco na sua mesa para convidar a “Joám Fiz” (um velho de barba cumprida que durante o ano reside em Macão onde fez muitas riquezas e adquiriu a invisibilidade) para que este lhe apresente parte da sua imaterial riqueza, a de que os bons desejos sejam umha realidade... Sim, podiamos enredar com múltiplas motivações para nom fazer um artigo sobre o Natal; mas o único e verdadeiro motivo foi a criminal combinaçom de festa+Licor Café.
E de vez... Chegou o Entruido:
Nom é nada novo que a Igreja tentara cristianizar a nossa cultura o mais possível para que rematara diluindo-se dentro do dogma Cristão, também regimes ditatoriais coma o de Franco tentaram rematar com ele ou “mediterranizá-lo” fazendo que virara cara o conceito de “Carnaval” que conseguiu enraizar em muitas cidades galegas, e que pouco ou nada tem a ver com a nossa cultura; também, mais umha vez, o mercantilismo tentou (ajudado por Concelharias de in-cultura) reduzí-lo a meros bailes de máscaras.. Mas qualquer cousa tem o Entruido que além dos muitos avatares segue a perviver na Galiza dum jeito tam natural, que já quiseram muitos etnógrafos da Europa para o seu país.
O entruido na Galiza começa ao mudar de Ano:
Ora nos derradeiros minutos da noite velha ora nos primeiros minutos do novo ano o Entruido começa a correr por todo o país, desoouvindo aquelas palavras que vinham dos altos cargos da igreja já desde o século VII <...que ninguém ponha,nas calendas de Janeiro, máscara de Becerro ou de Cervo...>
Na noite de fim de ano eram muitas as mulheres que rodeavam a sua casa botando presinhas de sal arredor dela, e dizendo aquilo de meigas fora; para rematar o ano e abrir o ciclo de entruido...
Assim arrancam os primeiros foliões, que a igreja tentou reprimir, e que hoje manifestam-se como “Cantares de reis” ou mantenhem a sua hegemonia entruideira em lugares onde a igreja nom tivo tanto êxito coma na Retorta (Verím) com um foliom que dura 15 dias (do 1 ao 15 de Janeiro) e que tenhem a sua razom de ser em arrecadar para fazer comidas copiosas.
A despedida do ano em forma de “burla dos novos” e “seriedade dos velhos em Bezerreá” é outra tradiçom entruideira assim como os sorteios de moços e moças nas primeiras horas de Ano novo para depois asistir obrigatoriamente a umha dança o dia seguinte, som parte do espírito choqueiro do Entruido.
Na Lourenzá mesmamente existia a tradiçom do “Rei charlo” que consistia em caçar um carriço e ceivá-lo o dia de reis após ser passeado por toda a vila, escolhendo-se tras isto os alcaides; em Ponte Caldelas “renovavam” o “mordomo” escolhido a mão alzada entre todos, sendo éste encarregado de dar umha boa comilona a aqueles que o escolheram.
O mesmo dia 1 de Janeiro, em Laza, os novos começam a treinar choutando e dançando as chocas de peliqueiro ate o sábado anterior do domingo corredoiro para chegar prontos os dias grandes do entruido. O dia 5 de Janeiro sae o Zarramoncalheiro por Qualedro. Em Vilarinho de Conso saim os foliões todos os sábados e domingos desde o 15 deJaneiro ate o final do Entroido. “Polo Sam Antóm já sai o Cigarrom” (o 17 de Janeiro)
...E assim um longuíssimo etcetera de tradições entruideiras e choqueiras que por muito que os Estados, Igrejas e Mercados tenham vontade de apagar, em pleno s.XXI a Galiza mais viva segue a festejar; por isso dizemos...
QUE VIVA O ENTRUIDO!!!