quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Entruido Galego vs. Carnaval Mediterrâneo

“...O Antroido no último tercio do século dezanove amostra-se mais pulido, mais agasalhante e mais cortés [...] nom se fam Barbas co cainzo das chemineas, fam-se com farinha entre as xentes da vila, e com po de arroz entre os mais repinicados...”

Com estas verbas arranca um dos responsos do “Tio Marcos da portela- 1876” falando do que estava a acontecer há século e meio na Galiza; que nom é outra cousa que a deturpaçóm e desapariçóm do entruido proprio dando chanzas a introduçóm do “carnaval Mediterráneo” que nos dilúe culturalmente um bocado mais na Espanha.
Um Auténtico "heroe" luitando pelas
suas convicções...
A deturpaçóm da nossa cultura a través da aculturizaçóm nom é nada novo, e no anterior artigo “que viva o Entruido” já vimos quais foram os culpaveis disto; mais nom debemos esquezer que é o povo o que garante a pervivencia da nossa cultura, e polo tanto nós mesmos somos culpaveis desta situaçóm.
Passamos de dar festexo o que vinha sendo “umha intriducçóm na primavera” (de ahí Intrudio na área de A Gudinha e Antrodido Anturuido Antrodio Entrodio Entruido Entrudo em outras áreas do país e também de Portugal) a fazer umha festa de disfrazes  de personagens tirados de filmes dos U.S.A. para a semana seguinte do Entruido voltar a dizer que somos antiglobalizaçóm e anti-imperialistas quando nós mesmos o practicamos a globalizaçom e o imperialismo sobre nós mesmos e a nossa propria cultura... ASSIM CUM PAR DE COLHÕES/OVARIOS... E pior o ponhemos quando falamos de “comeflores”  ou os supostos apatridas “ciudadanos del mundo” (que na maioría dos casas resultam ser uns espanholazos) que disfrazados de arlequins, palhasos tristes ou “piratasdelcaribe” (sim, assim todo junto: piratasdelcaribe) vam criticando a todo aquel que vaia disfrazado de Velhote ou travestid@, sendo a época do Entruido o momento ideal para o intercambio de roles e a práctica e normalizaçóm da sexualidade livre; termos que hoje estám muto a moda mais que carecem de vigencia.
...E por suposto, nom se iam ficar ceivas de culpabilidade as instituções que pasarom de perseguir o Entruido (régimes totalitarios e a igreja) a favorecer a sua deturpaçóm favorecendo que se diluam dentro do conceito do modelo de “Carnaval Espanhol”.
Embora também podemos atopar muitas iniciativas a través das associações culturais que luitam por preservar este bem patrimonial. Em destaque falamos do ejemplo da Revolta em Vigo, que conseguiu trazer a vida de novo o “merdeiro” (http://agal-gz.org/blogues/index.php/revolta/2003/03/14/videoteca-entrudo)
assim coma outras (nalgum dos casos associações de vizinhos) que mantenhem em pé decenas de entruidos particulares de cada zona coma por exemplo a  A.V. de Salcedo (http://www.ensalcedo.org/index.php?option=com_content&task=blogsection&id=5&Itemid=32) ou os Troteiros de Bande.

Entrudos deturpados:
Foi sem dúbida algumha, o ailhamento de certas povoações um dos factores clave para a conservaçóm de muitos entruidos galegos, outro dos factores foi a vontade dos vizinhos por conservar o mesmo; mais o conceito de aldeia global, unido a despovoaçóm e o consumismo  do capitalismo de livre merca está a trocar as “antergas tradições” em meros productos turísticos  cada vez mais baleiros de conteúdo.
Os seguintes som simples exémplos do que está a acontecer por todo o país, neste caso o “triángulo mágico” começa a perder a sua magia:
-Laza: “¿se nom entendes a tradiçóm, pra que cona ves?” :
O que noutrora foi exemplo de conservaçóm; hoje já fica deturpado polas xentes que rogam “moderaçóm” numha festa que precisamente nom é moderada. Isto débe-se a que a xente que vai partilhar da festa; desconhece o seu funcionamento e nom gosta dos pontos mais significativos da mesma.
A noite da 6ª Feira em Laza a processióm dos fachões perde o seu sentido o ficar acesa a iluminaçóm pública.
O día da morena (na segunda feira); durante a farrapada já contamos ca despariçóm da figura do “Maragato” (Comerciante das zonas de Astorga) umha figura sucia que era a contraposiçóm do elegante Peliqueiro, e entre os “maragatos” estaba o “Albardeiro” portador dumha pesada albarda que ponhía azima dum dos participantes da Farrapada para que caira e fora o branco de todos os farrapos. Já entrados na tarde noite, e logo da baixada da “Morena” os Peliqueiros saem; mais a día de hoje começam a perder o seu papel de rei do Entruido, dado que a xente nega-lhes o paso, a orquestra começa a tocar quando eles ainda estám a choutar pela praça da Picota ou os que asistem a festa alporízam-se no caso de recibir um tralhaço dos Peliqueiros... mais “ se nom entendes a tradiçóm; ¿PRA QUE CONA VES?”

Verim: Os Cigarrões perdem a sua “coroa”
Ainda conservando a tradiçóm das fareladas (hoje já detrupadas pois bota-se farinha, que é alimento, no canto do farelo) Verim vai caminho de converter-se num carnaval mais.
Este velho entruido tinha como rei o Cigarróm que percorría todas as aldeas do concelho e de outros limítrofes em quadrilha tralhando em todos aqueles que se cruzaram no seu caminho (se nom te pos diante, o cigarróm nom bate). Hoje apenas persigue a algum neno pola vila e para abrir-se passo pide permiso. Dificilmente se lhe pode ver fora da capital municipal e a tralha vai mais de adorno que outra cousa.
O pior de todo é que encabezam um “desfile de carrozas” o mais puro estilo Rio de Janeiro (mais em versióm cutre) e logo tenhem que agardar para cruzar a rúa; quando o cigarrom debería ter o poder de parar o desfile pelo medio se tem vontade... que clase de rei do Entruido é este?

Xinço de Limia: ¿pantalhas? ¿onde?!
Andam medio desaparecidas num Entruido que semelha cada vez mais os carnavales de qualquer cidade espanhola, já nom saem em comitiva, nem obrigam a pagar vinhos... e mesmo as veces som obxectivo de burla, nom sem raçóm; nom é a primeira vez que vemos umha pantalha completamente peneque estombalhada no medio da rua. Triste destino para um icono da cultura galega.

Outras “cagadinhas” som a perda de capacidade de regueifar entre os Generais do Ulha, o uso de “espumilhom” de nadal pelas mázcaras de Cabeça de Mazeda (Manzaneda ainda para muitos) o usso de caroutas de personagems de filmes  nos Emascarados de Buxám; a incorporaçóm de bandeiras espanholas a modo de banda em danzantes da área de Trives, Felos de Gabarás d e Generais do Ulha; e sobre todo substituçóm da crítica os vecinhos e o concelho a través de comparsas sem ordear por um desfile de carrozas carentes de significado na maioría dos casos.

Os entrudos perdidos:
Nom vai sequera um século, prácticamente em cada recanto do país existía umha tradiçóm entruideira que co ir e devir do tempo foi perdendo folgos ou deturpandose ate a sua total desapariçóm.
Velaqui umha pequena escolma do muito que se perdeu e que se está a perder:
-As raposas
Personagens proprias das montanhas do Courel e áreas próximas a Lugo, que ataviadas com peles de Raposo e chocalhos iam pelas casas pedindo tanto em reises coma em entroido ca finalidade de fazer umha comida comunal.

-Os felos de Boborás:
Existiu um intento re recuperaçóm por parte do concelho; mais co troco de governo e a crise, estes iconos do entuido local, ca cara pintada, cobre-leitos velhos, chapeu enfeitado e vara longa coroada por um punhado de prantas verdes agonizam sem a subvençóm da que rucharam de novo.

-O entruido de Pedrazás (Chandrexa de Queixa)
Peliqueiros do Entrudo do Savinhão
Em Pedrazás existiram peliqueiros; mais nom coma os de Laza ou Sarreaus, se nom coma os do entruido Ribeirao.
Dentro do espectáculo que de por si, dam os peliqueiros, em Pedrazás saiam a correr a vila 2 peliqueiros singulares; Xan Corcovas e Xan Barrigas.
Xan Corcovas era um peliqueiro que tinha umha corcova (xoroba para os que traducem libremente, ou xiba para os da RAG q gostam de inventar “palavros”) feita de palha e tapada baixo o traxe. Pola outra banda estaba Xan Barrigas, que tinha um barrigom também de palha. Ambos eram inimigos assim que acordaram sair de cadaseu extremo da vila.
Mais Pedrazás tampouco era tam grande e mentras que eles iam zorregando na malta que nom vestía o entroido nom passaba rem, nom passaba até que topabam o um co outro... entom liabanse a paus entre eles, Xan Crocovas “aforracaba” o seu malho contra o barrigóm de Xan Barrigas, e este fazía o mesminho contra a corcova do outro até que um dos dous rendía-se ou perdía a palha que levabam... o espectáculo era criminal e mentras os vecinhos desde as janelas os acerretabam para q se malharam ainda mais, os outros aproveitabam para ir vestir o entroido e nom levar mais malheiras...

-Os Choqueiros
Choqueiro de Bezerreá
-NOM HÁ CHOQUEIRO SEM CHOCAS-
Som personagens comúns a grande parte da geografía galega, proprios das comarcas que vam desde Ancares até Trasancos e Ponte Vedra; emparentados com outras personagens coma os charrúas de Alhariz.
A personagem em si  nom tem umha vestimenta definida, mais sim um rol proprio; o de gastar bromas as mais das veces pesadas; na comarca de Bergantinhos mesmo existe o dito “ti es moi choqueiro” a aqueles que som bromistas. Viste qualquer cousa que atope pela casa e tapa o seu rostro com qualquer cousa para nom ser descuberto e sobre tudo leva chocas, de ahí o seu nome (Elemento común a todas as personagens do entruido) para avisar da sua presencia.
Na cidade da Crunha tiverom especial relevancia na Rua da Torre, mantendo ainda hoje em parte o nome, e nalguns casos ainda o rol de bromistas, ainda que as chocas desaparecerom; mais o derradeiro choqueiro propriamente dito, foi visto por última vez no entrudo de 1994. No ano 2010 o centro social Gomes Gaioso achegou umha palestra sobre o entrudo tradicional, com vistas a recuperaçóm do mesmo na cidade (http://agal-gz.org/blogues/index.php/csggaioso/2010/02/05/palestra-sobre-o-entruido-com-filhoas-entruido-tradicional-vs-carnaval-importado) mais nom foi ate este ano que a mesma equipa de “Desmontando a Roma” puxo-se como meta lanzar a proposta popular a través da rede:”Nom há Choqueiros sem chocas”(  http://www.facebook.com/groups/235081533239425/ ) para chamar a recuperaçóm e ofertar chocas em diversos locais da geografía galega onde houbo choqueiros.
Grazas a “Gentalha do Pichel”, e a “Xuntanza”  de Compostela, e “A Repichoca” e “O Patachim” na Crunha este ano voltaram a trotar os choqueiros de novo; E agardemos que a recuperaçóm se estenda por todo o país.

Mais pode que nom todas as máscaras se recuperem, e pode também que a sua memoria se perda para sempre nos tempos, assim por exemplo os Charruas de Alhariz forom-se sem vistas de voltar, os peliqueiros de Muinhos, os frandulheiros de Entrimo, a Mula e o Boi de Palacín, a Mula falsa de Castro Caldelas e o Irrio Peliqueiro que foi movido a outras datas polo cristianismo, a especie de cigarrom de Lobeira que a diferencia dos de verim tinha um sombreiro cónico... e assim um longo etc. do que em muitos casos nom queda sequera testemunho.
¿Seram os volantes do Entruido Ribeirao os seguintes? Quem sabe... nos recomendamos a sua visita do que se cadra pode ser o entruido mais inalterado de todo o país.
¿Que sentido teria o dia de manhá chamarlhe Entruido a algo que nom o é? Dizia o verso e nom sem raçóm : "quem esqueze a sua origem, perde a sua identidade"
Por isso e hoje mais que nunca “VIVA O ENTRUIDO GALEGO!


Um comentário:

  1. Un apunte: a palabra "xiba" é perfectamente galega. Niña avoa, nacida no 1910 e nada contaminada nin polo castelàn nin pola RAG dicìaa.

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